terça-feira, outubro 10, 2006

Castelos no ar


Eu flutuo. Eu esqueço-me de tudo. Carrego nos botões por demasiado tempo. Olho para a rua através das janelas sem um ponto fixo. O meu corpo muda e tem vida própria, já não o consigo comandar. Tenho vindo a encontrar-me a sorrir no escuro e a falar com o vento. Sonho durante o dia e faço os meus castelos no ar...
A nossa torre é alta mas consigo vê-la ao longe, e cada vez mais perto. Encontro os meus sonhos nos teus olhos e nas tuas palavras. Cada dia que te vejo, toco, perco-me em nós e na possibilidade do nosso conjunto. Se não te vejo, sinto-te, e é o mesmo.
A partir de que momento é que percebi que tudo isto fazia sentido? Quando estavas demasiado perto, ou era eu que me aproximava sem o saber?... Foi no dia do caçador de cervejas, e da velhinha que já não podia conduzir, com o criado negro disfarçado de mostro verde. Nesse dia em que senti um desejo incontrolável de te traçar as arestas do rosto. No dia a seguir quando acordei com vontade de to dizer, sem sequer pensar nas consequências. Mas que feliz consequência, não?
E agora, no trimestre da aventura do cavaleiro andante e da princesa pequenina, ou talvez a polegarzinha, é que a casa dos sonhos é uma nuvem feita de algodão doce. Bem, para que não seja enjoativa, pode ser de chocolate, até se torna mais sólida. Como será viver numa casa de chocolate? Conseguias atravessar o dia a dia sem que as paredes derretessem? Conseguiria eu dormir numa cama tão doce sem que a trincasse toda antes, e ficasse a dormir ao relento?
Ao menos as pessoas que flutuam podem também ser de carne e osso. Como eu e tu. Podemos pisar o chão e não cair.
Um dia, cada vez mais, aqui, amanhã, e (sabes tu ou sei-o eu?), sempre.


1 Comments:

At 08 novembro, 2006 14:20, Anonymous Anónimo said...

simplesmente delicioso, esse castelo de chocolate invisível. gosto de ti :)

 

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